Via G1

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Os fundos de private equity (fundos que compram ações de grandes empresas) e de venture capital (que investem em empresas iniciantes) injetaram uma média de US$ 7,6 bilhões no país ao ano entre 2010 e 2013, concluiu um levantamento do Centro de Estudos de Private Equity e Venture Capital da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (GVcepe), divulgado nesta quinta-feira (6).

Como percentual do PIB, volume ainda representa um terço do investido nos EUA e no Reino Unido

Em parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o escritório Pinheiro Neto Advogados, o levantamento mapeou 285 veículos ou fundos que aplicam nesta modalidade de investimento.

O total investido é o dobro do volume aportado no Brasil nos três anos anteriores ao período analisado, alcançando 0,34% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano. Esse percentual, contudo, corresponde a apenas um terço do que é investido em países como Estados Unidos (1% do PIB) e Reino Unido (0,9% do PIB).

Ainda assim, os autores do estudo consideram o resultado positivo. “A captação nesse periodo foi tão volumosa que chegamos ao fim de 2012 com US$ 15 bilhões disponíveis para investimento”, afirma o professor da FGV Cláudio Furtado, um dos responsáveis pela pesquisa. O valor médio dos fundos de private equity entre 2010 e 2012 cresceu 60%, completa o docente.

Retorno do capital investido
Os veículos de investimento que aportaram recursos e capacidade de gestão em empresas brasileiras sem capital aberto tiveram retorno médio de 17,1% ao ano, apontou o levantamento.

Ainda segundo a pesquisa, desde 2010, 86% do valor investido cresceu, em média, 3,4 vezes em relação à quantia inicial. Os outros 14% injetados nas empresas geraram um retorno 2,4 vezes maior que o capital aplicado.

“Em torno de 60% das empresas tiveram o retorno desejado ou acima do esperado, e outros 40% ficaram abaixo do desejado”, observa o professor da PUC-RJ Marcelo Medeiros, também autor do estudo.

O capital comprometido dos fundos de private equity e venture capital equivale hoje a 2,74% do PIB brasileiro, percentual que pode chegar a 3,5% nos próximos quarto anos, projeta a pesquisa da FGV.

O estudo mostrou, também, que 36 dos 285 fundos analisados têm patrimônio superior a US$ 500 milhões investidos. As dez maiores gestoras do país administram fundos com uma média de US$ 2,85 bilhões em capital comprometido.

Inovação
As empresas que receberam investimentos e continuam nas carteiras dos gestores são altamente inovadoras, apontou ainda o levantamento da FGV. Pouco mais da metade (51%) das 660 empresas analisadas desenvolveu a prória tecnologia para operar no mercado.
Destas, 30% envolveram-se em projetos de pesquisa básica para desenvolver essas tecnologias, complementa Furtado, da FGV.

Apesar do baixo crescimento da economia brasileira nos últimos anos, os autores da pesquisa projetam um avanço de 15% a 20% ao ano do capital comprometido da indústria de private equity e venture capital no país.

Para o professor Furtado, o desempenho desta modalidade de investimento de descolou dos dados econômicos e deve permanecer dessa forma. “Nosso estudo aponta que a indústria [de private equity] está em plenas condições de ajudar o Brasil a voltar a crescer”.