Grupo (equipe) trabalhando em ideias (startup) ao redor de mesa

Startup: o primeiro aspecto que investidores-anjo e aceleradoras analisam é o seu time

Via Exame

Muitos jovens empreendedores desejam transformar o mundo com uma ideia inovadora de negócio. E o momento é otimista para as startups no Brasil, principalmente comparando com um passado não muito distante. Essa é a opinião de três especialistas ouvidos por EXAME.com sobre como está o mercado para os projetos inovadores e o que uma startup deve fazer para obter sucesso.

Guilherme Junqueira, gerente-executivo da ABStartups, diz que as inovações não são mais tendência, e sim realidade. “Há três anos, tínhamos um ciclo de educação empreendedora. Depois, tivemos um ciclo de aposta com a chegada do investimento-anjo, tendência que existia nos Estados Unidos e na Europa e atraiu fundos brasileiros. O ciclo atual é de aproximação corporativa das startups. As grandes empresas, hoje, as enxergam como parceiras”.

Para o gestor do programa Start-Up Brasil, Vitor Andrade, há uma mudança cultural muito evidente no Brasil. “Eu venho trabalhando com startups há oito anos e é visível a melhora nesse cenário para o empreendedor. Hoje, é um caminho possível, interessante e que o jovem quer fazer. Aquele que deseja empreender e o que já o faz têm uma estrutura de apoio muito mais diversa do que há alguns anos”, afirma.

Já Cassio Spina, do Anjos do Brasil, enxerga positividade e necessidade: a força do empreendedorismo impulsiona a economia nacional. Mas os obstáculos ainda estão aí. “É um cenário bastante promissor, em vários aspectos, mas há muitos desafios a serem superados, como a capacitação dos empreendedores e também as barreiras regulatórias”, diz.

Se você pensa em entrar para o ramo da inovação, veja o que sua startup deve ter para ser bem sucedida e atrair investidores:

1. Um excelente time

Para os três especialistas, o time é o primeiro item que um investidor-anjo ou uma aceleradora olham na hora de decidir selecionar uma startup. Segundo explica Andrade, ter uma boa equipe é sinal de que a startup pode se adaptar caso sua ideia inicial não emplaque. “Aquele que consegue ler o mercado, medir o que acontece e mudar tem chance de fazer sucesso”, diz.

Ainda segundo o gestor, o empreeendedor deve envolver pessoas com competências complementares. Por exemplo, uma que entenda de TI, outra de negócios e outra que conheça o setor da startup. Junqueira completa o raciocínio e diz que “time não significa escolher necessariamente amigos, mas sim pessoas de alta performance. Sem time, ninguém chega a lugar nenhum”.

Para Spina, essa capacitação não é só técnica, mas empreendedora. “Às vezes, a pessoa tem uma competência ótima em uma área, mas empreender vai além disso: é construir e desenvolver um negócio. A equipe toda deve ao menos ter noção do que é essencial para o negócio dar certo”, afirma.

2. Resultados (mesmo sem muito recurso)

Ter o que mostrar para um possível investidor é algo muito valorizado e que tem relação com o seu time, já que a capacidade de execução depende dele.

“Quando o investidor conversa com o empreendedor e ele mostra que já conseguiu resultados, mesmo com pouco dinheiro, o investidor escolhe esse cara. A formação e a experiência são legais, mas o investidor quer saber o que você faz realmente”, afirma Andrade. Spina completa o raciocínio. “Os investidores, além de olharem os empreendedores, veem quanto o negócio consegue crescer sem precisar de muito recurso”.

3. Inovação

As startups são feitas, em sua maioria, por ideias. Mas os projetos que têm muito sucesso são aqueles cujas ideias são baseadas em problemas, diz Junqueira. “Esse é o principal indicador de sucesso da ideia: você tem uma demanda real. Quanto mais difícil é para você enxergar essa dor, mais inovador é o negócio”.

Já Andrade destaca ter uma ideia com maturidade. “O empreendedor deve definir uma proposta de valor clara para o público-alvo, proposta essa que só vem com o conhecimento do setor”, diz o gestor.

Segundo Spina, a startup tem que ter uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes, mesmo que não seja exatamente na ideia. “Pode ser um modelo de negócios diferenciado, um processo diferenciado, mas tem que ser uma inovação que gere valor significativo para os consumidor”, afirma.

4. Mercado

Indo na linha do atendimento aos clientes, sua startup precisa avaliar se há mercado para o serviço oferecido. “Não adianta criar algo que não há demanda suficiente. O suficiente, claro, depende da sua métrica de sucesso, como o faturamento desejado. O mercado deve ser suficientemente grande para sua startup crescer como negócio”, afirma Junqueira.

5. Contatos

Outro fator que pode impulsionar seu novo negócio é o apoio que ele já tem. Seja através de conselheiros, mentores e investidores, diz Spina. “Não só pelo capital financeiro, mas também pelo intelectual. Uma rede de contatos ajuda muito uma startup. Sua chance de ter sucesso cresce e o negócio se desenvolve de maneira ainda mais acelerada”.