Via Valor Econômico

 

Para crescer no Brasil, a indústria de fundos de venture capital precisa driblar obstáculos como baixas taxas de empreendedorismo, burocracia para criar e encerrar empresas e a falta de informações sobre o mercado de investimentos. Segundo pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) sobre o perfil empreendedor global, a taxa de atividade empreendedora no Brasil é uma das mais baixas do mundo. O índice mede a participação econômica de negócios com até três anos e meio de mercado e mostra que o País, em 2013, atingiu a marca de 17,3%, bem abaixo dos 39% da África Subsaariana, principalmente Zâmbia e Nigéria.

 

“O nosso desafio é preencher as lacunas da baixa competitividade e da falta de inovação no País”, diz Cássio Spina, fundador da Anjos do Brasil, entidade de fomento ao investimento-anjo que apoia o empreendedorismo de inovação. Além de alocar capital em negócios, o investidor-anjo usa sua experiência de mercado para ajudar no crescimento das startups.

 

Fundada há três anos, a entidade tem 240 integrantes e potencial de investimentos de R$ 2,6 bilhões para os próximos dois anos. Investe em cerca de 150 projetos em áreas como telefonia celular, educação e saúde. Cada empresa ganha, em média, R$ 350 mil de aporte. A Anjos do Brasil recebe cerca de 70 projetos em busca de investimentos, ao mês.

 

Segundo Spina, o setor também precisa divulgar melhor suas atividades para crescer. “O mercado empresarial acha que somos uma ‘caixa preta'”, diz o investidor. “É necessário que os investimentos nas empresas nacionais sejam mais conhecidos. No Brasil, o investidor não diz quem é nem quanto aplicou.”

 

Para disseminar mais suas ações, o argentino NXTP Labs, fundo de capital semente que mantém um programa de aceleração de empresas em oito países, tem organizado workshops sobre novas práticas para o mercado investidor e empresários, segundo o co-fundador Francisco Coronel. A organização tem mais de 150 investidores que, além de capital, oferecem mentoria para negócios iniciantes.

 

A política do fundo é investir US$ 25 mil por empresa, em troca de participações de 2% a 10% do negócio. Este ano, anunciou uma parceria com o fundo mexicano Naranya Labs para aplicar US$ 8 milhões em 48 startups do México. A iniciativa é considerada um passo importante para ampliar investimentos em outros empreendimentos na América Latina, incluindo o Brasil.

 

Fernando Campos, co-fundador da carioca Lab22, que investe e cria startups, afirma que ainda há muitos setores da economia desconectados da cultura de investimentos e inovação. “Ainda é difícil explicar para uma companhia que é mais barato comprar inovação fora de casa do que começar ‘in house’, do zero”, diz.