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O mundo está mudando. Muito. E rápido. Não dá para acompanhar cada evolução – revolução, ou involução, dependendo do ponto de vista. Mas tem gente atenta, e que tenta. É o caso da British Broadcasting Corporation, a BBC. A principal rede pública de rádio e televisão do Reino Unido recebeu o sinal de alerta no início deste ano: no último trimestre de 2016, a audiência dos canais de TV entre crianças e adolescentes na faixa de 5 e 15 anos caiu de 15 para 13,5 horas por semana. Adivinhe para onde estão voltados aqueles olhos infanto-juvenis?

Isso aí, para Facebook, Youtube, Netflix, Hulu e companhia. Em comum o fato de serem redes/canais gigantes, além de norte-americanos, de distribuição de conteúdo via streaming. A internet está ganhando espaço e audiência a passos largos. A visualização de vídeos através do YouTube é, a cada dia, mais e mais popular entre as crianças do Reino Unido: na faixa de 5 a 7 anos, atingiu 54% da amostra de uma pesquisa realizada pela Nielsen, líder mundial em pesquisas de mercado, e divulgada pelo jornal USA Today; na faixa de 8 a 11 anos, chegou a 73%. Paralelamente, uma em cada quarto famílias britânicas assinou algum tipo de pacote da Netflix no mês de março de 2016.

Para enfrentar a concorrência, a BBC anunciou que irá investir 34 milhões de libras na expansão da programação digital voltada para crianças, tentando atrair sua atenção “em um mundo on-line em constante e veloz mudança”, reconheceu o diretor-geral da rede, Lord Hall, ao jornal londrino The Telegraph. Hall explicou que a BBC precisa “reinventar” a sua oferta de conteúdo para os públicos mais novos nos próximos anos, indo além dos programas de televisão. Só assim conseguirá se tornar uma rival séria para os “gigantes da mídia global”.

Como fazer isso? Num mundo tão cheio de distrações visuais, como reter a atenção das crianças e transformá-las numa audiência fiel à BBC? Mais interatividade e criatividade, por exemplo. E, é claro, mais qualidade – não que faltasse à programação da rede de TV. Não há dúvida de que o investimento em conteúdo original, genuinamente britânico, será vital na guerra pela audiência com outras plataformas. “A menos que desejemos ver nossa cultura moldada e definida pelas empresas da Costa Oeste”, espeta Hall. A guerra é boa. Nem que seja para preservar uma alternativa de informação e entretenimento – uma das últimas – para a formação das futuras gerações de espectadores.

Ricardo Largman, jornalista formado pela PUC-RJ em 1982, é crítico de cinema, consultor de Comunicação e assessor de Imprensa do Instituto IBMEC.