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Há dois anos atrás, eu estava na etapa nacional do Desafio Sebrae 2012 na Costa do Sauípe na Bahia e ouvia pela primeira vez a palavra “empreendedorismo”. Não poderia imaginar que ela seria algo que iria transformar a minha vida.

Quando eu voltei de lá, tinha em mente que precisava abrir um “grupo de empreendedorismo”. Encontrei algumas informações e incentivo de que precisava na página do Geração de Valor e resolvi perder o medo do “não”. Seis meses depois de fundar o “EmprEEL”, a Fundação Estudar lançava o programa de incubação de ligas universitárias com quatro temas: entre eles o empreendedorismo.

Afinal, eu não estava tão louca assim. Dia 8 de novembro de 2014 aconteceu o primeiro Encontro Nacional de Ligas Universitárias do Brasil e, por sinal, todas as ligas presentes eram de empreendedorismo. Mas o que é esse movimento de ligas empreendedoras que cresce tanto no Brasil?

Entrevistei 21 grupos (ligas, núcleos e outras denominações possíveis) de empreendedorismo universitário presentes em 7 estados do Brasil para tentar identificar um padrão entre eles.

1- Estados

A maior parte dos grupos é do sudeste: 52% de São Paulo e 24% de Minas Gerais. Pernambuco, Bahia, Santa Catarina, Amazonas e Paraná possuem 1 grupo cada. Alguns estados como Goiânia já possuem membros com processo de fundação de grupos, mas foram apenas computados resultados daqueles que já colocaram a mão na massa.


2- Quantidade de membros

Não há uma quantidade certa de membros para que um grupo de empreendedorismo exista. Há grupos com menos de 5 integrantes e grupos com mais que 20. Entretanto, a maior quantidade deles (62%) possui de 5 a 20 membros.

 

3- Tempo de vida

67% dos grupos existentes são novos, ou seja, possuem até 2 anos de vida e, desses grupos, 57% possuem menos de 1 ano. Esses dados representam claramente o “boom” que está acontecendo nas universidades.

 

4- Embaixadores / Multiplicadores
Como é algo novo, os grupos buscam mentoria em entidades empreendedoras fora das universidades. 48% dos grupos possuem um multiplicador da Fundação Estudar, 38% possuem embaixador Choice e 29% possui Líder Eureca!.

5- Atividades realizadas

85% dos grupos realizam cursos e eventos internos e 81% bate-papo com empreendedores, demonstrando uma grande preocupação com a capacitação dos membros. 76% realizam cursos e eventos externos, retribuindo e compartilhando com a comunidade os aprendizados. Entre as atividades mais realizadas ainda destacam-se: a Semana de Empreendedorismo realizada por 67% dos grupos, Aceleração/Apoio à empresas nascentes por 48% dos grupos e o Startup Weekend por 33% dos grupos.

6- Apoio da universidade

A maior parte dos grupos atua de forma independente: 43% dos grupos são formados apenas por alunos e 28% dos grupos possuem um professor que ajuda apenas com orientação e problemas burocráticos. Apenas 24% dos grupos possuem um professor coordenador. 1 único grupo atua independente de qualquer universidade (5%). Alguns grupos são formados por membros de mais de uma universidade como ocorre, por exemplo, com o Grupo de Empreendedorismo de São Carlos, que possui alunos da USP e da UFSCar e o Universitários Acima da Média, que possuem representantes em várias universidades do Brasil.

7- Estrutura

Como todo empreendimento, os grupos parecem ter nascido de forma orgânica, sem muita estrutura. Apenas 29% possuem organograma, 38% tem estatuto e 5% (1 único grupo) possui CNPJ. Quanto há espaço físico, apenas 38% dos grupos declararam ter sede própria.

Durante essa pesquisa, encontrei atividades muito interessantes realizadas pelos grupos de empreendedorismo:

* Centro de Empreendedorismo da Unifei (CEU)

O CEU, centro de empreendedorismo da Unifei, referência nacional para os grupos que estão surgindo, realiza anualmente o Bota para Fazer, uma atividade de empreendedorismo social que envolveu mais de 500 alunos em 2014! Outros projetos de destaque são: Startup Weekend, Smart HackLab e Clube do Empreendedor. De lá já saíram várias startups de destaque nacional e internacional como Hover e Drivebe.

* O Universitários Acima da Média (UAM)

O UAM realiza o Papo Acima da Média que já teve como entrevistados pessoas de grande impacto no empreendedorismo brasileiro como Eduardo Lyra do Jovens Falcões, Bel Pesce da Faz Inova, Tallis Gomes da Easy Taxy e o Sérgio Ribs Capenga do canal Universidade Capenga do youtube.

* Liga Universitária de Empreendedorismo – Salvador-BA (LUE)

A LUE de Salvador-BA realizou um evento chamado ALVANQUE, realizado em uma casa de vidro, em que, durante um final de semana, equipes de alunos se dedicaram à resolução de problemas de startups de alto potencial e contaram com ajuda de mentores.

Perguntei ainda aos membros dos grupos o que significava o grupo de empreendedorismo para eles e escolhi 3 respostas que refletem bem esse movimento:

“Um grupo de empreendedorismo é muito voltado para a mudança de paradigmas, troca de experiências, muita ação e pouca falação. É pensar em como mudar ambientes.” – Wellington Santos Silva – Faço, Logo Existo – Poços de Caldas/MG.

“Um grupo de empreendedorismo é um espaço (físico, virtual ou até “psicológico”) onde qualquer indivíduo tem o direito de ser protagonista. Um espaço de troca de conhecimentos e experiências onde estes protagonistas podem desenvolver e realizar seus sonhos, bem como contribuir pra que outros possam fazê-lo também.” Tarcísio Emannuel Fonseca Barbpsa – Liga Universitária de Empreendedorismo – UFBA – Salvador/BA

“É onde uma conversa pode dar origem a uma ideia e onde ideias podem sair do papel e virar soluções que as pessoas necessitem. É onde a ciência e o conhecimento se tornam novos produtos e soluções. Um grande grupo de empreendedorismo sempre apoia seus parceiro locais, construindo um verdadeiro ecossistema onde cada player tem seu papel na construção de novas empresas de alto impacto na sociedade.” Lucas Baccarin Cordeiro – Liga Empreendedora da Unicamp – Campinas/SP.

Com base em tudo isso, uma coisa é certa, os estudantes universitários estão cansados do ensino “padrão” e buscam cada vez mais sair fora da caixa. Portanto, esse certamente será um movimento que irá crescer cada vez mais e, se continuar no ritmo atual, pode-se estimar um crescimento de 60% para 2015. A pergunta é, quem serão os universitários que irão aderir a esse movimento?