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Black Mirror”, temporada I, episódio “The Entire History of You”. Casais de 30 e poucos anos se divertem relembrando cenas captadas – minutos, horas, dias e anos antes – pelos olhos de cada indivíduo. As imagens são reproduzidas nas telas graças a um chip implantado no pescoço, embaixo da orelha. Spoiler para quem ainda não assistiu: essa tecnologia pode acabar com as relações humanas. Mesmo assim, tem gente querendo – e investindo tempo e dinheiro para – tornar realidade a ficção científica exibida por Netflix e Cia.

É o caso de Bryan Johnson. Sua startup, a Kernell, em Venice Beach, trabalha no desenvolvimento de um nanochip que poderá ser implantado no cérebro humano. Num primeiro momento, o equipamento poderá auxiliar pessoas com problemas neurológicos causados por males como Alzheimer, AVC ou traumatismo craniano – doenças que, hoje, afligem um a cada nove adultos com mais de 65 anos no mundo. No longo prazo, contudo, a equipe de neurocientistas por trás do chip espera que o minúsculo equipamento seja capaz de estimular a inteligência, a memória e outras atividades cognitivas de qualquer pessoa, e não apenas daqueles que passaram por algum trauma.

Johnson sabe que seu produto levará anos para chegar às mãos – ou melhor, ao crânio – do consumidor, mas não parece muito preocupado. Primeiro, porque em estudos recentes os chips melhoraram, e muito, as funções de memória em ratos e macacos. Depois, a conta bancária do empresário, de 38 anos, com mais de US$ 800 milhões, garante uma longa sobrevida ao projeto.

Demanda não falta. Pessoas em todo o mundo querem alterar seu corpos e mentes da mesma maneira como lidam com um programa de computador, melhorando – ou pelo menos não piorando – a qualidade de suas vidas com “updates” periódicos. A prática, ainda discreta e incipiente, muitas vezes clandestina, já tem até nome: “biohacking”. Johnson sentencia: “A inteligência humana está cada vez mais cercada pela inteligência artificial, e isso levará à degeneração do cérebro. É uma questão de manter os humanos na frente à medida que a tecnologia avança.” Tomara que dê certo – e não se transforme apenas na trama de um novo episódio de “Black Mirror”.


Ricardo Largman, jornalista formado pela PUC-RJ em 1982, é crítico de cinema, consultor de Comunicação e assessor de Imprensa do Instituto IBMEC.