Se esta é a primeira experiência em compartilhar a gestão da empresa, o empreendedor deve estar consciente de que os investidores vão demandar fortes mudanças em governança e transparência, mesmo que o empreendedor mantenha a maioria das ações.

 

Os fundadores agora trabalham para os acionistas, não apenas para si mesmos. Isso traz impactos diretos na estrutura da empresa e um aumento na complexidade das ferramentas de gestão. Para o empreendedor, isso pode significar tempo dedicado à gestão, acompanhamento de indicadores e compilação de relatórios de desempenho.

 

No caso de fundos de investimentos registrados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), por exemplo, por questões de governança ou condição regulamentar, as empresas investidas devem tornar-se sociedades abertas.

 

Em uma Sociedade Limitada, a responsabilidade dos sócios é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.

 

Em uma Sociedade Anônima (normalmente abreviado por S.A., SA ou S/A), o capital social não se encontra atribuído a um nome específico, mas está dividido em ações que podem ser transacionadas livremente, sem necessidade de escritura pública ou outro ato notarial. Por ser uma sociedade de capital, prevê a obtenção de lucros a serem distribuídos aos acionistas.

 

Há, ainda, duas espécies de Sociedades Anônimas: a companhia aberta (também chamada de empresa de capital aberto), que capta recursos junto ao público e é fiscalizada pela CVM, e a companhia fechada, que obtém seus recursos dos próprios acionistas.

 

Os investidores, em geral, vão exigir a formação de um Conselho de Administração, que tem como atribuições o acompanhamento da execução do plano de negócios, a análise de indicadores chave e a tomada de decisões estratégicas. Eles buscam um Conselho de Administração equilibrado, em que suas opiniões possam ser expressas e surtir efeito. Eles pedem assentos neste Conselho e podem estabelecer algum tipo de maioria qualificada – quorum especial – para aprovar decisões críticas, e/ou exigir direitos de veto sobre outras questões. O fundamento lógico é preservar o investimento contra mudanças em estratégias da empresa que não tenham consenso no nível do conselho.

 

Estrutura de capital de empresas
As empresas precisam de capital para expandir-se, seja capital próprio ou de terceiros.  A forma como organiza esta necessidade é chamada estrutura de capital da empresa. Uma estrutura bem elaborada maximiza os lucros da empresa e pode ser utilizada como ferramenta de alavancagem financeira. No entanto, esta é uma das áreas mais complexas na tomada de decisões financeiras, uma vez que está diretamente relacionada com outras variáveis de decisões.

 

Alguns administradores financeiros denominam estrutura ótima de capital a essência desse sucesso.  Esta estrutura resulta no equilíbrio entre risco e retorno que maximiza os preços das ações de uma empresa no mercado. A estrutura ótima de capital contempla a composição de suas fontes de financiamento. Os recursos que a empresa aplica em ativos são oriundos de seus proprietários e de terceiros, e tanto os sócios quanto os credores esperam por uma justa remuneração pelo fornecimento dos recursos.  Em se tratando de uma sociedade anônima, o retorno dos sócios se dá pelo recebimento de dividendos e, quando se trata de uma empresa limitada, este retorno se dá pela divisão do lucro, além dos ganhos de capitais, que provém da valorização da empresa.

 

Como estruturar a governança corporativa na empresa
Governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas (tais como investidores, empregados e credores), facilitando o acesso ao capital. A análise das práticas de governança corporativa aplicada ao mercado de capitais envolve, principalmente: transparência, equidade de tratamento dos acionistas e prestação de contas.

 

Para os investidores, a análise das práticas de governança auxilia na decisão de investimento, pois a governança determina o nível e as formas de atuação que estes podem ter na companhia, possibilitando-lhes exercer influência no desempenho da mesma. O objetivo é o aumento do valor da empresa, pois boas práticas de governança corporativa repercutem na redução de seu custo de capital, o que aumenta a viabilidade do mercado de capitais como alternativa de capitalização.

 

Quando investidores financiam empresas, sujeitam-se ao risco de apropriação indevida, por parte de acionistas controladores ou de administradores da companhia, de parcela do lucro do seu investimento. A adoção de boas práticas de governança corporativa constitui, também, um conjunto de mecanismos por meio dos quais investidores, incluindo controladores, protegem-se contra desvios de ativos por indivíduos que têm poder de influenciar ou tomar decisões em nome da companhia.

 

Companhias com um sistema de governança que proteja todos os seus investidores tendem a ser mais valorizadas, porque os investidores reconhecem que o retorno dos investimentos será usufruído igualmente por todos.

 

Mais informações
Cartilha Recomendações da CVM sobre Governança Corporativa
http://www.cvm.gov.br/port/redir.asp?subpage=cartilha