Executivos de companhias que já lidaram com este tipo de situação tiveram perdas de receita e valor de marca, aponta pesquisa da Deloitte.

 

Crises de imagem têm impacto direto no faturamento de empresas, principalmente para as que lidam com o consumidor final de seus produtos ou serviços. Segundo uma pesquisa da Deloitte feita com mais de 300 líderes de companhias, 41% dos que enfrentaram essas situações notaram queda nas receitas e perda no valor de marcas.

 

 

Dentre os riscos mais nocivos para o negócio, ter a reputação da empresa ou da marca manchada é o pior pesadelo de 87% dos participantes. Para eles, reputação é tão ou mais importante do que outros fatores de risco que afetam a empresa.

 

Na tentativa de evitar problemas, gestores têm dado cada vez mais importância ao contato com o público via redes sociais. “Hoje, as mídias sociais expõem muito a empresa, potencializam as crises”, avalia o sócio da área de riscos tecnológicos da Deloitte, Julio Laurino.

 

Foto postada por consumidora na internet gerou crise de imagem na Arezzo

Foto postada por consumidora na internet gerou crise de imagem na Arezzo

 

Não por acaso, a primeira ferramenta que deve ser usada por uma organização em crise é a comunicação. “Seja com investidores ou com o mercado, ela pode ajudar no mínimo a acalmar o ambiente. O fato de as pessoas terem informações sobre o que está acontecendo ajuda no processo de recuperação”, afirma Laurino.

 

Evitar danos à imagem e ao faturamento exige preparação intensa das companhias. Por isso, o trabalho de gestão de crise começa em monitorar o ambiente. A tarefa não é simples, conforme explica Laurino: “Por mais exercícios que se faça, a crise é muito dinâmica. É humanamente impossível prever todos os cenários.”

 

Catalisadoras. As consequências de crises de imagem podem ser ampliadas com o auxílio das redes sociais. “Elas são mais do que uma via de mão dupla e exigem que as empresas tenham visão 360°”, argumenta Priscila Peres, especialista em mídias digitais.

 

As redes foram responsáveis por aprofundar polêmicas nas quais se envolveram marcas como Arezzo, Risqué e Starbucks. No caso da Arezzo, uma foto postada por uma consumidora na internet revelou uma prática que, depois de muito debate, foi admitida como de praxe entre fabricantes de sapatos: a de reformar calçados em estoque e revendê­los como sendo de outras marcas. Na Risqué e Starbucks, campanhas malsucedidas deixaram de ser veiculadas após causarem desconforto e até mesmo revolta entre consumidores.

 

Ex ­diretor da Fundação Procon de São Paulo, Vinícius Zwarg diz que a queixa feita pelo consumidor é uma oportunidade de a empresa melhorar seu produto. “É claro, isso sem considerar o risco potencial que ela tem para arranhar a imagem da marca”, analisa.

 

Uma ferramenta útil para o relacionamento entre clientes e empresas é o site consumidor.gov.br. No espaço ­ subutilizado pelas companhias, na visão de Zwarg ­ é possível encontrar informações como índice de solução de queixas, tempo de resposta e nível de satisfação do consumidor.

 

Como a adesão das empresas ao sistema é voluntária, não é possível estabelecer métricas por setor, mas a resposta individual das companhias já é um ponto positivo, avalia Zwarg. “O simples fato de aderir já demonstra preocupação com o mercado. No futuro, será inconcebível não participar”, afirma.