Mão fechando torneira

O ano não começou fácil para donos de restaurantes e bares em São Paulo. Além da atual crise hídrica que a população está enfrentando, lidar com a queda de energia elétrica também passou a fazer parte da rotina dosempreendedores.

No mês passado, após um temporal, a queda de árvores foi uma das principais causas da falta de energia elétrica em alguns bairros paulistanos. Valter Luiz Sanches, sócio da Chopperia Genuíno, localizada no bairro Vila Mariana, teve que contratar gerador para abrir o bar. “O custo de aluguel de um gerador com dez horas de uso é de 1,2 mil reais”, conta. Ele ficou sem energia nos dias 14 e 15 de janeiro e, em outros, a queda de luz foi parcial.

O empresário afirma que tem oito protocolos registrados e pretende entrar com ação judicial contra a Eletropaulo. “Toda vez que acontecer, terei que recorrer a gerador”, diz Sanches. A chopperia tem uma equipe de 30 funcionários e uma casa com capacidade para 320 pessoas.

Com o objetivo de minimizar o uso de água no estabelecimento, Gilson de Almeida, proprietário do Na Garagem, localizado no bairro de Pinheiros, afirma que trabalhava com pratos e copos de vidros, mas resolveu trocar por produtos descartáveis. “A gente acumula a louça para lavar no dia seguinte quando sofre com corte de água”, conta.

No caso da churrascaria Gauchão Grill, na Praça da Árvore, zona sul da capital paulista, por conta da redução da pressão da água, o efeito foi mais ainda drástico: a casa precisou cancelar o turno almoço, o que diminui o faturamento e pode levar a demissões de funcionários.

Elidio Biazini, dono da rede Dídio Pizza, conta que desde que anunciaram que a Copa do Mundo seria realizada no Brasil, duas coisas o preocupavam: falta de mão de obra e de energia. “Em 2009, comecei a pesquisar o que poderia fazer e como suprir possíveis apagões”, explica. Na época, solicitou que todos os franqueados comprassem geradores movidos à gasolina, a um custo de 3,5 mil reais por loja. “Depois, incluímos no custo da operação”, afirma.

Fundada em 1994, a rede tem 23 unidades no estado de São Paulo. Biazini afirma que os geradores foram usados esporadicamente nesses últimos anos. Entretanto, desde novembro os geradores têm sido usados com mais frequência. “As unidades de Interlagos, Freguesia e Campinas chegaram a ficar três dias sem energia. Foi um diferencial, pois tivemos um volume maior de pedidos e não houve nenhuma perda”, conta.

Por causa dos cortes de água, ele substituiu todos os equipamentos de inox por sacos especializados para alimentos. “Você pode armazenar e depois descartar. Com isso, conseguimos economizar 30% ao mês na conta de água”, conta.

Enquanto alguns empresários acumulam prejuízos pela falta de água e energia, outras empresas conseguem aproveitar a ocasião como uma oportunidade. É o caso da rede de lavanderias 5àsec. Segundo Sérgio de Souza Carvalho Jr., diretor de marketing, TI e SAC da companhia, o faturamento das unidades em algumas regiões de São Paulo já crescia até 18% em outubro do ano passado.

De acordo com Percival Maricato, presidente da Abrasel/SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), desde abril do ano passado cartazes e adesivos são distribuídos para alertar sobre a importância de economizar água. “É possível trabalhar racionando água da caixa d’água, mas sem energia não tem como lidar”, explica.

Dependendo do período em que o estabelecimento ficar sem energia elétrica ou água, ele recomenda que os proprietários avaliem se é possível recorrer a uma indenização.

Via Exame.