Fonte: Brasil Econômico
Um modelo de financiamento coletivo para dar vida a projetos ou ações – o chamado crowdfunding – começa a se disseminar no Brasil com plataformas on-line como Catarse, Queremos, Movere ou Senso Incomum.O internauta que acessa o site, pessoa física ou jurídica, escolhe o projeto que deseja apoiar e seleciona uma quantia para investir.
Pode haver diferenças de procedimento, mas o mecanismo funciona em geral assim: o investidor recebe em troca alguma vantagem, que pode ser a participação em um evento, um produto finalizado ou apenas a satisfação de se tornar colaborador de uma causa.
Se o projeto não conquista o financiamento necessário num prazo estabelecido, o dinheiro volta para o dono ou ele concorda que o recurso componha um fundo para financiar outras ações.
Nas plataformas há espaço para projetos culturais diversos, pequenos negócios, empreitadas como pesquisar boas soluções para melhorar a vida das pessoas nas grandes cidades e também o crowdfunding social no exemplo de um educador que oferece formação profissionalizante a jovens e adolescentes de baixa renda e pede, no site Senso Incomum, colaboração para adquirir material para as oficinas gratuitas de canto, percussão, violão, teclado e circo do projeto.
Esse é um dos poucos projetos educativos disponíveis, mas a discussão sobre o potencial do crowdfunding na educação começa a ganhar evidência nos blogs de interesse sobre o tema.
Uma ideia que circula, talvez inspirada na plataforma chinesa Qifang, que usa a ferramenta para apoiar as necessidades acadêmicas e profissionais de estudantes, é instituir o crowdfunding como opção às bolsas de estudo e ao financiamento estudantil (Fies).
Nessa aplicação, o projeto poderia ser o estudante de escola pública que precisa de recursos para fazer um curso técnico ou mesmo o aluno do colégio privado que quer fazer uma especialização no exterior. A plataforma permitiria que o investidor acompanhasse de perto o percurso do seu “projeto” na escola e até no mundo do trabalho.
Professores também podem se valer da ferramenta inovadora para implantar seus projetos pedagógicos. Um exemplo vem da França, no Ulule, reconhecida como a maior plataforma de crowdfunding na Europa, sob o slogan “donnez vie aux bonne idées” (dar boa vida às ideias).
No site, duas professoras de uma escola maternal dirigida a alunos portadores de deficiência pedem recursos para um projeto que costumam realizar anualmente na instituição: oferecer aos alunos um dia de descobertas.
Este ano, com dificuldades financeiras, elas solicitam um complemento de € 2 mil para o transporte e as atividades esportivas incluídas no programa – conhecer a neve nos Vosges. Com mais de 600 visitantes por dia, o Ulule já tinha arrecadado até a última semana cerca de € 700 para as mestras dedicadas.
Nos Estados Unidos, o foco da plataforma Donors Choose são as escolas públicas. Eles mobilizam ajuda de todos os tipos: uma caixa de lápis, violinos para um recital escolar, um microscópio para aulas de biologia.
No Brasil, as demandas do setor sobram. Um modelo de crowdfunding para acolhê-las e resolvê-las seria bem-vindo. Sem burocracias, apenas reunindo quem quer ajudar e quem precisa de ajuda.