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Em tempos de pós-verdade e dos tribunais de justiça das redes sociais, a chamada Grande Mídia saiu da zona de conforto. Teve que sair. Mais do que ser e parecer isentos, os grandes veículos da Imprensa precisam explicar para o distinto público como se dá a tal isenção. Dias atrás, a agência internacional de notícias Thomson Reuters se antecipou a outros veículos e, por meio de dois comunicados, fez o seu dever de casa. Ou, pelo menos, tentou fazer.

Primeiro, em carta aberta, o editor-chefe Stephen J. Adler reafirmou os “Trust Principles” (em tradução livre, “Princípios Éticos e de Confiabilidade”) da Reuters, resumidos por ele como a “bússola indispensável” para que os profissionais da Redação possam agir “com integridade, independência e liberdade de viés”. Os tais princípios – pasmem – foram criados em 1941, em plena Segunda Grande Guerra; a partir da publicação da carta de Adler, contudo, eles se tornaram uma “assinatura” obrigatória ao final de toda e qualquer notícia postada no portal da Reuters.

O segundo movimento da gigante de notícias foi divulgar a “backstory” da matéria “Is the sky blue? Depends on what Donald Trump says”. Assinado pelos jornalistas Chris Kahn e James Oliphant, o texto descreve o desafio de fazer uma pesquisa on-line “neutra” com foco no que 14 mil norte-americanos pensavam sobre uma série de declarações polêmicas feitas por Donald Trump. Em pauta, temas como aborto, saúde e impostos – diante dos quais, convenhamos, não é nada fácil manter-se isento.

À parte descrições metodológicas, a dupla revelou o resultado da pesquisa: 56% dos republicanos entrevistados (do primeiro grupo, que desconhecia o autor das declarações) afirmaram que um funcionário do governo deveria ser proibido de se beneficiar financeiramente de sua posição. Contudo, quando as palavras “funcionário do governo” foram trocadas por “Donald Trump” para um segundo grupo, os republicanos mudaram suas respostas: cerca de 70% disseram que o presidente poderia se beneficiar financeiramente de sua posição, desde que “colocasse o país em primeiro lugar”.

Num mundo de intensa e cada vez maior polarização, a Imprensa até consegue explicar como busca manter sua isenção diante dos fatos. O difícil é convencer o time adversário – seja ele qual for.

Ricardo Largman, jornalista formado pela PUC-RJ em 1982, é crítico de cinema, consultor de Comunicação e assessor de Imprensa do Instituto IBMEC.