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No post da semana passada, este blog comentou a rápida e irreversível redução do número de agências bancárias no mundo e, em menor escala e ritmo, no Brasil. A mudança de hábito de se carregar dinheiro vivo no bolso seria uma das causas mais evidentes. Na Suécia, contudo, essa mudança de hábito foi elevada a um outro nível: o país pretende acabar com o uso de cédulas e moedas da Coroa Sueca (a sigla é SEK) nos próximos cinco anos. E, acredite, já está bem perto de conseguir.

A população do país é pequena, não chega a 10 milhões de habitantes. OK. Mas só 2% das transações de pagamentos bancários serem feitas hoje em cash? Esses escandinavos estão anos-luz à nossa frente. E não é de hoje. Museus, vendedores ambulantes, lanchonetes, lojinhas de turistas: todos aceitam “dinheiro de plástico”. A Suécia foi a primeira nação a abrir uma loja de conveniências inteiramente automatizada, sem funcionários; os clientes usam seus smartphones tanto para abrir a porta quanto para comprar um refrigerante.Garantem que serão eles, os suecos, os primeiros do mundo a abolir por completo o uso de derivados do petróleo.

A permanente e obsessiva modernização tecnológica em busca de mais eficiência e mais inovação tem lá suas desvantagens. Dificilmente a população mais idosa e/ou localizada em zonas rurais se adaptará a um mundo sem dinheiro vivo em circulação. Além disso, é previsível e notório que uma sociedade sem dinheiro físico torna-se especialmente vulnerável a toda sorte de fraude eletrônica. Nesse caso, os números não são nada favoráveis: de acordo com relatórios do próprio Ministério da Justiça da Suécia, o número de fraudes (eletrônicas) em 2014 chegou a 140 mil – mais do que o dobro do volume total de uma década atrás.

Há o outro lado da moeda, segundo aqueles que apoiam a proposta do novo sistema. Primeiro: no ano passado, o cidadão sueco realizou, em média, 207 pagamentos com cartões de crédito e débito – três vezes mais do que aconteceu com seus vizinhos na Noruega e Finlândia. Segundo: no caso de roubos, os cartões podem ser cancelados ou desativados instantaneamente. Terceiro e último: sem cédulas e moedas nas ruas, a diminuição de roubos “no mundo físico” será inevitável. Mas espera aí: na Suécia tem roubo?


Ricardo Largman, jornalista formado pela PUC-RJ em 1982, é crítico de cinema, consultor de Comunicação e assessor de Imprensa do Instituto IBMEC.