Estudos Ibmec 5

Revolução no mercado de capitais do Brasil. O crescimento recente é sustentável?

Carlos Antonio Rocca (coordenação e redação). Elsevier, Rio de Janeiro, 2008 [Estudos Ibmec 5]

Revolução no Mercado de Capitais do Brasil: o crescimento recente é sustentável? publica as contribuições apresentadas, na forma de textos, no I Fórum do Mercado de Capitais. Esse evento foi realizado na cidade de São Paulo pelo IBMEC – Mercado de Capitais em 5 de setembro de 2007 e teve o apoio de todas as principais instituições do mercado. Com ele, abriu-se um importante espaço para discussão dos fatos mais relevantes observados nesse mercado: através de projeto estruturado, desenvolvido pelo Ibmec em 2006 e que pretende ter continuidade, colhendo de forma sistemática subsídios para a formulação de propostas que contribuam para o aprimoramento constante do mercado de capitais no Brasil.

O titulo do livro, o quinto da série Estudos Ibmec, reflete bem a grande expansão e o notável aprimoramento recentes do mercado de capitais brasileiro. Ele se transformou, ao longo dos primeiros anos do século XXI, no principal financiador das empresas brasileiras, abertas ou m condições de fazer a abertura de seu capital.

Esses avanços têm tudo para se tornarem sustentáveis. É o que destaca João Paulo dos Reis Velloso na introdução: ao referir-se aos grandes aperfeiçoamentos em matéria de regulação, auto-regulação e governança corporativa; ao destacar a diversidade dos novos mecanismos de financiamento; ao salientar a eficiência adquirida pelos agentes do mercado; e ao reconhecer a atenção conferida ao mercado de capitais pelas autoridades econômico-financeiras governamentais.

O presidente da Bovespa, Raymundo Mogliano Filho, salienta que, em 2006, o mercado de capitais financiou R$120 bilhões, equivalentes a mais que o dobro dos desembolsos do BNDES. E o diretor da CVM, Dorval Jose Soledade dos Santos, reconhece no mercado uma “exuberância racional” que testemunha sua maturidade.

Claro, há cuidados a tomar. Para Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti, os efeitos da turbulência internacional recente sobre o equilíbrio macroeconômico brasileiro têm sido pequenos, mas nem por isso o país se tornou invulnerável. E, em estudo exaustivo e bem fundamentado, Carlos Antonio Rocca, embora espose posição otimista quanto ã sustentabilidade do crescimento do mercado de capitais, enfatiza a importância, para a consecução desse objetivo, de um ajuste fiscal de longo prazo, da redução e racionalização da carga tributaria e da recuperação da economia formal, entre outras medidas.

O presidente da BM&F, Manoel Felix Cintra Neto, considera necessária a adoção de novas tecnologias de gerenciamento de riscos sem deixar de lembrar a importância que ganharam os mercados derivativos no Brasil. E o presidente da Abrasca, Antonio Duarte Carvalho de Castro, contrapondo volatilidade a estabilidade, vê nas grandes oscilações que ocorrem no mercado de capitais brasileiro o reflexo de nosso desequilíbrio macroeconômico básico: o das contas públicas.

O livro traz ainda duas outras contribuições importantes. De um lado, o presidente da Andib, Luiz Fernando Resende, e a gerente dessa Associação, Maria Limonge Macedo, examinam, do ponto de vista dos que se financiam no mercado de capitais, os obstáculos à destinação de recursos, encaminhando propostas para atenuá-los. De outro lado, o presidente da Funcef, Guilherme Narciso de Lacerda, analisa os avanços e identifica as necessidades de aprimoramento do mercado de capitais de acordo com a visão dos investidores institucionais.

Enio Carvalho Rodrigues
Vice-presidente executivo do Ibmec