Via: Época Negócios

 

ROBERT MCKEE, UM DOS PAIS DO STORYTELLING, EXPLICA POR QUE É TÃO IMPORTANTE PARA OS EXECUTIVOS CONTAREM HISTÓRIAS PARA SUAS PLATEIAS

McKee: seus alunos receberam perto  de 200 indicações ao Oscar, com  60 premiações (Foto: AFP; OLIVIER LABAN-MATTEI)

Robert McKee não é ator nem diretor, mas possui 60 estatuetas do Oscar em seu currículo. Ok, não foi bem ele quem levou os prêmios, mas seus alunos. O norte-americano é considerado omaior especialista em storytelling do mundo e já deuaula para nomes conhecidos de Hollywood, como Peter Jackson e Paul Haggis, roteiristas de Senhor dos Aneis e Menina de Ouro, respectivamente. Além de ensinar técnicas de narrativa para o mundo do cinema, ele também ajuda empresas e executivos a conquistarem suas plateias, sejam elas compostas de funcionários, clientes ou investidores.

Segundo McKee, contar histórias é um jeito eficiente de se comunicar com as pessoas, porque é assim que a mente humana funciona. “A sua mente é uma máquina de fazer histórias. Quando você é criança, a coisa mais natural é contar histórias. É dessa maneira que a mente foi desenhada por milhões de anos para interpretar a realidade. Contar histórias é a única linguagem internacional e a maneira de fazer as pessoas entenderem seu ponto de vista”, afirmou em palestra no HSM ExpoManagement nesta quarta-feira (05/11), em São Paulo.

Ele afirma que vivemos em um mundo confuso, que faz cada vez menos sentido. Portanto, o que as pessoas querem ouvir de um líder executivo é um relato dinâmico, honesto e que tenha a ver com seus próprios objetivos. “Assim, elas entenderão o que você pensa e poderão se juntar a você. Elas te seguirão e te acompanharão em direção à sua meta. Histórias ‘empoderam’ a liderança.”

Muitas pessoas têm dificuldade para entender o que é exatamente uma história. Na definição de McKee, listas ou uma sequência de fatos cronológicos não são. É preciso haver uma sequência de eventos ligados por causa e efeito e a contraposição de valores, como sucesso e fracasso, para criar uma boa narrativa.

“No caso dos executivos, os dados são o conteúdo e a história é a forma. Eles andam juntos. Se você só apresentar números, ninguém vai te ouvir. Se tudo o que você tiver for histórias, provavelmente será enrolação e ninguém vai te escutar também. É preciso transformar em narrativa seu conhecimento e contá-lo com profundidade”. O segredo, portanto, não é excluir números ou fatos de exposições, mas sim apresentá-los de uma maneira mais agradável ao público. “As histórias captam a atenção das pessoas”.

A barreira dos executivos em relação ao jeito diferente de apresentar seus argumentos e suas posições tem muito a ver com sua educação. Na escola e nas universidades, eles são treinados para apresentar seus argumentos, a partir de lógicas dedutivas ou indutivas, escrever relatórios e tirar conclusões, excluindo a habilidade que cultivamos desde a infância de amarrar os fatos e contá-los em forma de história.

Sobre o uso do PowerPoint em apresentações, ele afirma que não é absolutamente contra a ferramenta. “É simplesmente um meio de ilustrar os argumentos. O problema com o PowerPoint é mais embaixo: é a lógica das empresas, como elas pensam e tentam convencer as pessoas usando apenas a lógica indutiva. É uma dissertação escolar com efeitos de Hollywood.”

Na edição de novembro de Época NEGÓCIOS,  você confere uma entrevista exclusiva com Robert McKee.