Via Valor Econômico

 

Criar um ecossistema de negócios que crie oportunidades iguais para empresas, investidores e centros de pesquisa. Esse é o plano de gestores de fundos de investimentos, incubadoras e aceleradoras de projetos, além de grandes companhias como Intel e Totvs, reunidas no 12 Congresso Brasileiro de Venture Capital, realizado este mês, em São Paulo. Organizado pela Associação Brasileira de Private Equity&Venture Capital (Abvcap), um dos objetivos do evento foi traçar novas estratégias de aproximação entre fundos de participação e empreendimentos inovadores.

 

“Nosso foco é investir em companhias ligadas a software no Brasil, mas estamos atentos a iniciativas na América Latina e EUA”, diz Karime Hajar Alves, gerente de MM e novos negócios da Totvs Ventures, há dois anos no setor de corporate ventures (braços de investimento de grandes empresas criados para aplicar em empreendimentos inovadores). Entre as áreas de interesse da unidade estão mobilidade, big data e business intelligence (BI).já investiu na u Mcw.me, de criação de aplicativos móveis, e na Zero Paper, de gestão financeira, de pequeno porte.

 

Segundo a Abvcap, os investimentos de private equity (PE) e venture capital (VC) cresceram cerca de 35% em 2013, ante o ano anterior. “0 financiamento de organizações por meio de fundos precisa vencer desafios como a burocracia brasileira e a falta de informação sobre as regras do mercado”, avalia Clóvis Meurer, vice-presidente da entidade.

 

OVC é uma modalidade de investimento em que aportes são feitos em empresas em estágio de crescimento, com potencial de retomo financeiro. Os recursos financiam expansões e procuram levar o negócio a novos patamares de desenvolvimento. já os fundos de PE aplicam em organizações consolidadas. O objetivo é dar um impulso financeiro para que a companhia se prepare, inclusive, para abrir capital. Nas duas modalidades, a meta é fazer o negócio ganhar musculatura e ser vendido no futuro.

 

 Andrea Minardi, professora associada do Insper e autora de pesquisa sobre investimentos feitos por fundos de PE e VC em empresas brasileiras nos últimos 30 anos, afirma que o setor está em processo de amadurecimento e há oportunidades de novos aportes em setores como varejo, indústria e energias renováveis.O bom desempenho é explicado pelo aquecimento do mercado de capitais e do aparecimento de gestores de fundos mais experientes.”

 

O levantamento do Insper, feito em parceria com a investidora Spectra Investments com 172 fundos, analisou 556 transações que representam US$ 22,1 bilhões em investimentos, entre 1982 e 2014. Desse total, 2% se referem a VCs e 96% a PS. O ticket médio (aporte) dos VCs foi de US$ 2,6 milhões por empresa, enquanto os dos PB chegam a US$ 60 milhões, por companhia. O estudo mostra que o retor no das aplicações nos negócios foi maior para os PEs (19%), ante os VCs (12%).

 

Do outro lado dos balcões de recursos, grandes atores da indústria de fomento, como a Finep-Inovação e Pesquisa e a Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP) planejam uma maior presença na indústria de fundos. Para Augusto Ferreira da Costa Neto, gerente de investimentosda Finep, o Brasil pode engordar taxas de produtividade com a ajuda do capital empreendedor. “Em uma pesquisa feita com 54 companhias que receberam aportes, 83% declararam que introduziram novo produto ou serviço no mercado, enquanto 74% do total afirmam que a entrada dos investidores melhorou a organização como um todo.

 

Em maio, a Finep, Desenvolve SP, Embraer e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), lançaram o Fundo de Investimento em Participações (Fl P) Aeroespacial, com patrimônio inicial de RS 131,3 milhões. É destinado a negócios de pequeno e médio porte com faturamento bruto de até R$ 200 milhões e expertise em áreas como aviação, satélites e drones. “Como cotista do fundo, oferecemos às investidas ativos intangíveis, como ajuda na internacionalização e acesso mais fácil a clientes”, diz Peter Seiffert, head de corporate venturing capital da Embraer.

 

A Qualcomm Ventures, criada há 14 anos, aplica US$ 150 milhões ao ano em companhias da Ásia, Europa e América Latina, além de Israel. Segundo o diretor Carlos Kokron, há aportes de US$ 500 mil a US$ 10 milhões por companhia. “Aplicamos em setores estratégicos para o grupo, como mobilidade e intemet das coisas.” No Brasil, já comprou participações na Emprego Ligado e 99 Taxis.