História do Instituto Ibmec

As origens

 

O IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais nasceu, formalmente, em 8 de junho de 1970. Naquela data seus atos constitutivos foram arquivados no Cartório do Registro Civil de Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro. Eram apenas oito folhas datilografadas, das quais seis formavam os estatutos com 27 artigos. Das demais uma continha o nome da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, como único sócio fundador, e a outra a relação de seis dos sete membros do primeiro Conselho de Administração, todos oriundos da Bolsa. Três eram diretores de corretoras membros da Bolsa: Vicente Caravello Filho, Paulo Nascimento Araujo e Alberto Emílio Dumortout; o coronel Hugo Coelho e os superintendentes executivos Luiz Sérgio Coelho de Sampaio, do departamento Técnico, e José Nascimento Araújo Filho, do departamento Jurídico.

 

A sétima vaga no Conselho Diretor, destinada a seu presidente, deveria ser ocupada uma figura exponencial, cuja presença transmitisse a projeção que se pretendia para o Instituto, e pairasse acima de quaisquer divergências ou disputas por acaso existentes entre os variados componentes do Mercado de Capitais. O nome que se encaixava como luva nesses requisitos prévios logo aflorou nas discussões internas sobre o assunto. Era o do embaixador Walter Moreira Salles, uma unanimidade em termos de prestígio e serviços prestados ao Brasil.

 

No último trimestre de 1970, o presidente do Conselho de Administração da Bolsa do Rio, Luiz Cabral de Menezes, profissional muito bem conectado no mundo dos negócios, se encarregou de fazer o convite, imediatamente aceito. A entronização de Walter Moreira Salles como presidente do IBMEC dispensou formalidades. Não há registros de posse, assembleia solene ou algo semelhante. A Bolsa era sócia com 100% dos votos no Instituto e simplesmente indicou o embaixador como sétimo membro do Conselho Diretor e, obviamente, presidente. Sua presença está anotada na segunda reunião do Conselho, ocorrida em 31 de dezembro de 1970, registrada retroativamente. A designação do embaixador Moreira Salles foi um marco na história e, sem dúvida, o fecho da fase larvar, das raízes e origens do IBMEC.

 

O contexto histórico

 

O Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais nasceu na esteira das transformações introduzidas na arquitetura das Bolsas de Valores pelo governo do marechal Castello Branco, a partir de abril de 1964. As diretrizes econômicas haviam sido entregues a dois liberais renomados: Otávio Gouveia de Bulhões, na pasta da Fazenda, e Roberto de Oliveira Campos, no Planejamento. Desde logo ficou claro que o desenvolvimento do Mercado de Capitais era prioridade básica do modelo que substituiria o conturbado governo de João Goulart.

 

Em dezembro seguinte foi editada a Lei de Reforma Bancária, que recebeu o número 4595 e criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central da República do Brasil. A lei outorgava ao novo Conselho os mais amplos poderes regulatórios sobre o mercado financeiro – e, pela primeira vez desde sempre, sobre as Bolsas de Valores. A estrutura dessas organizações, fundada no corporativismo, datava dos anos 1890 e fora responsável, em parte, pelo marasmo que tomara conta do Mercado de Capitais a partir da Primeira Guerra Mundial.

 

Em seguida foi encaminhado ao Congresso o projeto que redundou, em julho de 1965, na Lei 4728, conhecida como Lei do Mercado de Capitais. O objetivo principal era quebrar o contexto cartorial das Bolsas, abrindo-as a novos membros, criando atmosfera mais competitiva, e profissionalizando suas administrações. A regulamentação viria um ano e três meses depois, em outubro de 1966, consubstanciada na Resolução nº 39 do Conselho Monetário Nacional, editada pelo Banco Central na qualidade de secretaria do Conselho.

 

A cisão em 1999

 

Criado como entidade independente, sem fins lucrativos e com ampla autonomia operacional, o IBMEC sempre preencheu o seu Conselho de Administração por figuras de projeção no cenário econômico brasileiro. Sobre seus objetivos originais, eram sintetizados em dois focos: difundir e fomentar o Mercado de Capitais, e promover formação e aprimoramento de pessoal técnico. Claramente uma missão institucional e um encargo educacional.

 

Para atingir a primeira das finalidades, a entidade desenvolveu – e ainda desenvolve – projetos, estudos, pesquisas e publicações. A segunda era suprida pela elaboração de cursos variados, inclusive a implementação de um pioneiro MBA em finanças no Brasil, contribuindo de forma decisiva, ao longo de três décadas, para a formação profissional dos indivíduos envolvidos com o Mercado de Capitais no País.

 

Por questões tributárias, a partir de 1999 a atividade educacional do IBMEC deu causa a uma cisão: o Instituto IBMEC manteve as características de entidade sem fins lucrativos, dedicada à tarefa institucional de fomentar o Mercado de Capitais; e foi criada a Ibmec Educacional S/A sob a mesma marca, mas sem quaisquer vínculos societários, para explorar os, já então, negócios no campo educativo. Dessa vertente resultou o aparecimento das Faculdades Ibmec de expressão nacional, com seus cursos de graduação, mestrado, pós-graduação e complementação acadêmica. Por sua vez, o Instituto IBMEC prosseguiu, sem perseguir lucros, no desenvolvimento da missão original de fomentar o Mercado de Capitais.