Via Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios

 

O empresário participou do Day 1, evento organizado pela Endeavor, em São Paulo

 

Jorge Paulo Lemann, empresário, durante Day 1, da Endeavor (Foto: Dennis Ribeiro/Endeavor)

 

Jorge Paulo Lemann é hoje um dos maiores empresários brasileiros e, ao contrário do que muitos pensam, passou por muitos altos e baixos para chegar a uma fortuna estimada em mais de US$ 20 bilhões. Hoje, Lemann é o homem mais rico do Brasil e coleciona negócios bem sucedidos. “O sucesso não vem em linha reta”.

Campeão de tênis em Wimbledon e formado em Harvard, o empresário vive na Suíça desde 1999, quando saiu do Brasil por uma tentativa de sequestro a um dos seus filhos. Sua carreira empreendedora começou com o Banco Garantia. Depois, criou a Ambev, a partir da compra da Brahma e da Antarctica.

 

Com os sócios de longa data Carlos Sicupira e Marcel Herrmann Telles, controla a firma de private equity  3G Capital. Hoje, são donos de negócios como a Anheuser-Busch InBev, maior cervejaria do mundo e dona de marcas como Skol, Stella Artois, Budweiser e Quilmes, a Restaurant Brands International, que comanda as redes Burger King e Tim Hortons, e a americana H.J. Heinz & Company, que fabrica o famoso catchup Heinz. Recentemente, a Heinz se juntou à Kraft Foods, em um negócio bilionário.

 

Boa parte destas aquisições foi acompanhada por Warren Buffett, que é admirador declarado do empreendedor brasileiro. No mundo dos negócios, Lemann é conhecido pela gestão radical de cortes: fazer empresas crescer gastando o mínimo possível.  “Tiro o chapéu para o que a 3G está fazendo”, diz Buffet, segundo o Financial Times.

 

Lemann participou do evento Day1, da Endeavor, em São Paulo, e contou como os erros ajudaram a construir o que tem hoje. “A maioria das pessoas olha a carreira de um empresário, vendo o sucesso, e acha que é uma linha reta e que se chega lá com facilidade”, diz.

 

1. Não desanime
O empresário falou da importância de seguir acreditando que as coisas podem dar certo, independente das tentativas fracassadas ou das crises. “Quero que todos os empreendedores não desanimem na primeira dificuldade. Quero que eles continuem tentando.”

Para ele, lidar com altos e baixos é parte das tarefas do empreendedor. “O importante é estar sempre aprendendo com as dificuldades e vendo oportunidades. Vejo o Brasil de hoje como um lugar de muitas oportunidades. A dificuldade gera a necessidade de melhorar.”

 

2. Erre e aprenda
Lemann começou no tênis aos sete anos. E, desde então, aprendeu a lidar com fracassos. “Aos 11, perdi para um boliviano. Isso me preparou para perder e cada vez que perdia eu tentava analisar porque não tinha dado certo e como podia melhorar para a próxima vez”, diz.

Sem esforço, o resultado não aparecia. “O tênis foi importante para mim, para me habituar a não ganhar e a analisar como fazer melhor”.

 

3. Foque
Pensando em jogar tênis e surfar, Lemann conta que quase foi expulso de Harvard. “Além de não estudar, ainda soltei uns fogos lá. Quase fui expulso e resolvi focar na maneira de completar meu curso. Dei um duro danado, ia às aulas diárias por quatro horas e estudava mais seis. Para um surfista do Arpoador, era muita coisa. Isso me obrigou a desenvolver métodos de focar e ter bons resultados”, diz. Em suas empresas, o método das cinco metas básicas, criado nesta época, é adotado com frequência, segundo o empresário.

 

4. Busque pessoas complementares
De volta ao Brasil, Lemann montou uma financeira. Em quatro anos, o negócio quebrou. “Aquilo foi um baque colossal. Eu tinha 26 anos, me achava o máximo e descobri que não era tão esperto. Novamente, as dificuldades me ensinaram muita coisa, a empresa faliu porque não tinha nenhuma administração. Todo mundo queria vender muito e ninguém cuidava da retaguarda”, afirma.

Segundo ele, a principal lição foi buscar parceiros que se complementassem no negócio. “Em sociedades e quando a gente contrata não se deve ter só pessoas parecidas”, diz.

 

5. Invista em boas pessoas
Durante a gestão do Banco Garantia, Lemann conta que aprendeu a força de contar com uma boa equipe. “Eu entrevistava 1000 por ano para escolher dez. Desenvolvemos este sistema de trazer gente boa, remunerar bem e dar oportunidades. Hoje, esse é o ponto forte das nossas empresas. Só estamos fazendo esses negócios e comprando empresas nos Estados Unidos porque temos uma equipe para introduzir nossa cultura”, diz.