Via Exame
Por que sua empresa deve se aproximar de uma universidade e como fazer?
Respondido por Ricardo Fasti, especialista em inovação
As universidades e institutos de pesquisa têm como uma de suas finalidades difundir o conhecimento para a sociedade de outras formas, além de cursos e aulas. Dentre essas formas, podemos citar consultorias, palestras, cooperação científica, entre outras.
Adicionalmente a essas atividades de difusão, a Lei de Inovação Tecnológica (Lei no. 10.973, sancionada em 2/12/2004) institui os Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT), cuja missão é ordenar, organizar e difundir a produção de patentes produzidas na universidade ou instituto de pesquisa. A mesma lei também facilita a criação de parques tecnológicos, locais em que pesquisadores e empresas compartilham recursos para o desenvolvimento de tecnologia.
A inovação aberta prevê parceria com a instituição de pesquisa e contratos de propriedade intelectual. Já o desenvolvimento interno implica em contratação de pesquisadores e risco integral da empresa.
Em resumo, a questão primordial é ter clareza acerca da necessidade e dos resultados esperados de uma parceria com um agente externo para o desenvolvimento da inovação, inclusive tendo em mente as questões orçamentárias, que geralmente nesses casos, são de responsabilidade da empresa.
A segunda questão relaciona-se à escolha da instituição que detenha o conhecimento necessário para sua empresa. Apesar de desenvolverem conhecimentos plurais, algumas instituições são reconhecidamente mais fortes em algumas áreas. Portanto, aproximar-se da universidade certa é fator relevante para o sucesso do processo de transferência tecnológica.
Por fim, a sua empresa tem que estar preparada para lidar com cultura e valores acadêmicos, que são distintos dos corporativos. Por exemplo, o acadêmico tende a privilegiar o rigor, os detalhes e evitar atalhos, o que tende a dilatar prazos. Este comportamento característico pode ser fonte de conflito.
Finalizando, aproximar-se de uma instituição de pesquisa é um passo relacionado à decisão de um modelo de inovação aberta entre culturas distintas, o que demanda devido preparo e flexibilidade por parte da empresa. Trata-se de uma oportunidade extremamente relevante, mas que exige esforços gerenciais apreciáveis. Recomendo que o primeiro contato seja feito por intermédio do Núcleo de Inovação Tecnológica, que ao final, indicará alternativas para o desenvolvimento da parceria.
Ricardo Fasti é Diretor de Desenvolvimento de Negócios da BSP – Business School São Paulo.