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Nota CEMEC – 01/2016

Relatório Trimestral de Financiamento dos Investimentos no Brasil

Janeiro 2016

Equipe Técnica:
Diretor: Carlos Antônio Rocca
Superintendente: Lauro Modesto Santos Jr.
Analistas: Elaine Alves Pinheiro e Fernando M. Fumagalli

Dúvidas e Comentários:
cemec.ibmec@gmail.com

*As opiniões emitidas nesta publicação são de inteira e exclusiva responsabilidade dos autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Centro de Estudos de Mercado de Capitais, do IBMEC ou de qualquer de seus apoiadores. As informações deste relatório são resultantes de informações preliminares das fontes citadas, portanto estão circunscritas às informações preliminares existentes e à capacidade de projeção no momento atual. O CEMEC não se responsabiliza pelo uso dessas informações para finalidade de aplicação financeira ou qualquer outra que possa causar algum prejuízo, de qualquer natureza, aos usuários da informação.

** Todos os dados utilizados foram obtidos das fontes citadas e podem sofrer revisões.

*** A publicação foi produzida com as informações existentes em Janeiro/2016.

1 – Visão macroeconômica:

Investimento e poupança na economia brasileira:  2000- 2015/3T

  1. As fontes de dados para cada sub-periodo são as seguintes:Período 2000- 2009: Contas Econômicas Integradas IBGE
    • Período 2010 – 2013: Idem, com nova metodologia
    • Período 2014 – 2015 3T – Contas Nacionais Trimestrais IBGE
    • Período 2014 – 2015 3T – Segregação  de dados de  investimento e poupança nesse período entre administração publica e setor privado são estimativas preliminares do CEMEC
  2. No gráfico 01 adiante é apresentada a evolução do investimento,  poupança bruta  e do déficit em contas correntes (poupança externa) com base  nos dados das novas Contas Nacionais Trimestrais (IBGE) no período de 2000 a 2015 3T (acumulado de 4 trimestres);
  3. São mantidas até 2015 3T (acumulado em quatro trimestres terminado no terceiro trimestre) as principais tendências observadas pelo menos desde 2011 com queda de investimentos e aumento da poupança externa para financiar  o aumento dos gastos correntes:
    • Taxa de investimentos cai  3,0 p.p. (de 21,8% para 18,8%);
    • A taxa de poupança  cai ainda mais intensamente  (-4,4 p.p.) de 19,2% para 14,8% , o menor nível desde 2001;
    • A diferença é coberta com o aumento da poupança externa, de 2,6% para 4,0% do PIB, que inicia uma recuperação em relação a 2014 (4,6%).

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Obs.: O déficit em conta corrente de Contas Nacionais difere do déficit da balança de pagamentos (veja-se “Dois termômetros da conta corrente” Giambiagi jornal Valor Econômico 12/03/2014)

No Gráfico 2, verifica-se que  no período de 2010 a 2015 3T o  aumento da poupança negativa do setor publico responde por mais da metade da queda da poupança bruta:

  1. Em 2015 3T houve forte deterioração das contas públicas; os novos dados mostram que a poupança negativa do setor público responde por 3,8 p.p. (+0,4%  para -3,4% do PIB) da queda da poupança bruta total de 4,4 p.p. do PIB entre 2010 e 2015 3T;
  2. No mesmo período, a poupança do setor privado também se reduz de cerca de 0,6 p.p. (de 18,8% para 18,2%);   ainda assim, esse número  é quase o mesmo da média dos últimos 15 anos, de 18,7%;

grafico2No Gráfico 3: As taxas de poupança do setor privado são calculadas sobre o valor do PIB depois de deduzida a carga tributária bruta; as taxas de poupança do  setor publico são calculadas sobre sua arrecadação, indicada pela carga tributária  bruta;

  1. Nesse conceito, a poupança do setor privado se mantém em 28,0%;  taxa muito próxima à média dos últimos 15 anos (28,1%);
  2. No setor público a parcela poupada da receita bruta cai  intensamente   de cerca de  1,2% em 2010 para -9,8% em 2015 3T;
  3. A  redução da poupança do setor publico teve impacto adicional sobre a queda  da  poupança  bruta em face do aumento  de carga tributária (de 33,6% em 2010 para 36,0% em 2014/2015), que transferiu renda do setor privado (com poupança positiva), para o setor público (com poupança negativa) ;

grafico3

Gráfico 4 : são apresentadas  as taxas de investimentos  do em % do PIB de 2000 a 2014, e dos quatro trimestres terminados em 2015 3T.

  1. No período de 2010 a 2015 3T investimentos privados  caem 1,0 p.p. do PIB  (de 17,% para 16,3%)  e investimentos públicos  de 0,6 p.p. do PIB (de 3,2% para 2,6%);
  2. A taxa de investimento  total foi de 18,8% do PIB em 2015 3T, quase 3 p.p. abaixo da média  de 21,7% observada no período  de 2010/2013.

grafico4

Gráfico 5:  A necessidade de financiamento mede a diferença  entre  a taxa de investimento de cada setor e sua taxa de poupança;

  1. Desde 2010  a poupança externa tem sido a principal  fonte de recursos para cobrir a necessidade de financiamento   do setor publico, complementada em  2010 e 20153T pelo excedente de poupança  do setor privado;
  2. De 2011 em diante a necessidade de  financiamento  do setor publico praticamente triplicou em relação ao PIB  (de -2,2% para -6,0%)  do PIB, sendo coberta pelo excedente de poupança privada (+2,0%)  e pela poupança externa (+ 4,0%) .

grafico5

2 – Padrão de financiamento dos investimentos privados: empresas e famílias no período de 2000 a 2015 3T

Metodologia

Adotou-se a metodologia de identificar os fluxos anuais das principais fontes de financiamento de médio e longo prazo disponíveis na economia brasileira nesse período e cuja destinação supõe-se ser prioritariamente destinada ao financiamento de investimentos, na forma de formação bruta de capital fixo:

  1. Investimento Estrangeiro Direto (recurso próprio das empresas estrangeiras);
  2. Desembolsos BNDES em financiamentos a empreendimentos e máquinas e equipamentos;
  3. Desembolsos FGTS em financiamentos à produção habitacional (construção e reforma) e saneamento;
  4. Desembolsos SBPE em financiamentos à produção habitacional (construção e reformas);
  5. Emissões externas (bond” e notes) de empresas não financeiras pela taxa de câmbio média;
  6. Mercado de capitais: emissão primária de ações e títulos de dívida privada (debêntures de empresas não financeiras e Certificados de Recebíveis Imobiliários).

Gráfico 6

  1. Nesta parte são usados os dados de formação bruta de capital fixo como  indicador dos investimentos;
  2. Depois de  um ciclo positivo entre 2010  e  2013 (de 17,2% para 18,3%)  os investimentos do setor privado  caem quase 2p.p. do PIB entre 2013 e 2015 3T , para  16,3%;
  3. A componente  de  recursos próprios das empresas nacionais cai de 9,6% do PIB no período 2004/2009 para 8,6% no período seguinte,  queda essa acentuada em 2014/2015, enquanto  que o investimento de empresas estrangeiras se mantem na maioria dos anos em torno de 2,6% a 2,7% do PIB, inclusive em 2015 3T.
  4. Os recursos do BNDES  em 2015 3T  tem uma queda em relação a 2013/2014 de 0,7 p.p. para 2,0% do PIB, enquanto recursos do mercado de capitais oscilam entre 1,6% e 2,2%, com média de 1,8% no período de 2010 a 2015 3T.

grafico6

Gráfico 7

  1. A principal observação é a forte  mudança na composição das fontes de financiamento dos investimentos ao longo de todo o período de 2004 a 2015 3T,   com redução do componente de recursos próprios (lucros retidos e  aumento de capital, investimento direto estrangeiro, ações) :  de 83,5% em 2004  para 71,0% em 2015 3T, concentrada nas empresas nacionais
  2. Destaca-se ainda:
    • Queda da  participação do BNDES em 2015 3T para 12,3%  menor nível desde 2009 (15% em 2013/2014);
    • Investimento direto estrangeiro  é fonte importante de recursos;  nos últimos quatro  anos sua participação é maior que  à do BNDES, da ordem de 15% contra 14% do BNDES;
    • Aumento da participação dos  instrumentos  de divida do mercado de capitais ,  de cerca  de 4% em 2004/2005, para cerca de 8% em 2013/2015 3T;

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Correlação Linear entre Fontes de Financiamento e Investimento de Empresas e Famílias – em % do PIB (dados trimestrais no período 2004 a 2015 3T)

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3 – Comportamento Recente das Fontes Domésticas e Externas de Financiamento dos Investimentos de Empresas e Famílias

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