O ciclo de investimento da indústria de venture capital tem duração média de 10 anos e contempla as seguintes etapas:
• Oportunidade
• Avaliação
• Negociação
• Acompanhamento e gestão
• Saída

 

Na etapa de Oportunidade, o empreendedor deve buscar informações sobre venture capital e analisar a melhor opção de investimento para o estágio da empresa (investidor anjo, capital semente, venture capital ou private equity, por exemplo). Além disso, deve estar atento a fóruns de investimentos realizados por instituições como a Finep e a BM&FBovespa, editais e programas específicos. O empreendedor, nesta etapa, deve analisar as oportunidades de acordo com as estratégias de cada uma e de cada fundo, comparando com as necessidades e prioridades da empresa.

 

Os investidores tendem a gastar mais tempo no processo de avaliação e investigação (conversando com clientes, verificando históricos, buscando referências externas, etc.). Esta fase dura cerca de 4 meses e, às vezes, pode durar 1 ano. Muitos investidores de capital de risco têm comitês que aprovam o investimento em fases distintas do processo, autorizando a empresa a seguir em frente a cada etapa. É comum, por exemplo, encontrar duas instâncias de aprovação. A primeira, normalmente, ocorre depois que a investigação inicial é finalizada. A segunda, depois que o processo de negociação é concluído e esboços da documentação final começam a circular entre as partes. Nas reuniões de análise de qualquer um dos dois comitês (ou durante a investigação), o negócio pode ser interrompido.

 

As empresas devem estar cientes que, normalmente, as despesas vinculadas à preparação da rodada de investimento não são reembolsadas. Custos legais, de auditorias e outros costumam correr por conta de quem está pleiteando os recursos. Taxas sobre transações também serão cobradas das empresas (por exemplo, as relacionadas ao registro em órgãos antitruste, quando necessário). No entanto, se a transação não se concretizar e os fornecedores de serviços tiverem sido contratados pelos investidores, este custo, geralmente, fica a cargo deles.

 

Durante a fase de avaliação, o empreendedor tem que fazer apresentações do seu plano de negócios, participar de reuniões e apresentar a equipe que vai executar o projeto. Vale lembrar que é crucial que alguém da empresa comande o processo de captação de recursos. Em geral, um dos fundadores (que atua como um CEO) ou um CFO tem que dedicar tempo significativo ao processo (em muitos casos, 100% do tempo disponível).

 

Provavelmente, o empreendedor terá que repetir sua história diversas vezes. Algumas dicas são:
• Ser sempre objetivo
• Se não souber alguma coisa, não seja evasivo. Apenas diga que não sabe
• Não exagere na proposta

 

Munidos do plano de negócios da empresa, e depois de alguma discussão, os investidores apresentam um documento informando os termos e as condições (term sheet) que exigem para dar prosseguimento ao processo. Normalmente, é estipulado um prazo no documento para que ambos os lados cheguem a um acordo sobre a versão final. O prazo pode ser renovado, ou a negociação encerrada. Às vezes pode ser solicitada exclusividade na negociação.

 

Após todos terem concordado com os termos e as condições, inicia-se o processo de due diligence (uma espécie de auditoria contábil e legal). O empreendedor pode acelerar esse processo significativamente se organizar os contratos mais relevantes e atualizar toda a documentação legal e fiscal. Muitas empresas, por exemplo, criam um livro de due diligence com uma cópia da documentação exigida, que apresentam aos investidores quando solicitado, demonstrando profissionalismo. Após todo esse processo é assinado o acordo de acionistas entre a empresa e os investidores.

 

A etapa de acompanhamento e gestão é uma espécie de monitoramento da empresa, e ocorre de forma contínua por meio de contatos formais pré definidos entre investidor e empresa. É a fase em que o investidor acompanha a execução do plano de negócios apresentado nas fases iniciais do processo de investimento.

 

A última etapa inclui a definição das estratégias de saída. Ou seja, a decisão se a empresa será vendida, se as ações serão recompradas ou se haverá uma eventual fusão, por exemplo. É a fase em que o investidor prepara sua saída do negócio.

 

Alguns termos importantes a serem conhecidos pelos empreendedores:

 

Drag-along – direito que um acionista tem de requerer, no momento da venda de sua participação, a venda conjunta da empresa.

 

Due diligence – processo de auditoria feito na empresa candidata a receber investimento de risco, em geral conduzido por auditores independentes contratados pelos investidores.

 

IPO (Initial Publico Offering ou Oferta Pública Inicial) – lançamento das ações da empresa no mercado primário de capitais e a consequente capitalização da empresa.

 

Tag-along – obrigação contratual de cada acionista de que não venderá sua posição sem que, previamente, dê aos demais acionistas a possibilidade de participar da venda (de maneira pro rata).

 

Fonte:
Capital de risco – guia prático para empresas nascentes (Instituto Inovação, 2008)
Floripa Angels