Via Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios
A ONG Doutores da Alegria, fundada por Wellington Nogueira, treina pessoas para que visitem crianças em hospitais
Há quase 25 anos, o ator Wellington Nogueira se veste de um tipo diferente de “médico”. Diferente porque, ainda que a roupa branca esteja lá, no lugar da touca, ele usa um chapéu de bobo da corte. No lugar na máscara… um nariz de palhaço. Nogueira é fundador da ONG Doutores da Alegria, uma rede de palhaços que visitas crianças hospitalizadas. Assim como esses pacientes são atendidos por oncologistas e cardiologistas, a entidade envia “besteirologistas” – eles fazem cirurgias para extrair o mau humor.
Nogueira realizou a plenária de abertura da15a Convenção ABF do Franchising, organizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). O evento ocorre na ilha de Comandatuba, em Una (BA), até 24/10. Confira as lições da ONG que você pode usar no seu negócio.
1. Meça resultados
“A gente leva a sério essa bobagem toda.” A Doutores da Alegria faz brincadeiras, mas mede minuciosamente o impacto das suas intervenções nas crianças, nos pais e nos profissionais de saúde. A organização já fez mais de 1 milhão de visitas. Um dos aspectos estudados, por exemplo, é a mudança na percepção do médico ou enfermeiro em relação à criança internada. O conhecimento gerado com a pesquisa possibilita melhorar o trabalho dos palhaços, que passam por treinamento de um ano de duração na ONG.
2. Crie uma rede com seus possíveis competidores
Nogueira pensou em transformar a Doutores da Alegria em franquia, mas acabou desistindo. “Eu não tinha maturidade para isso na época”, diz. Acabou fazendo o que ele chama de “desfranquia”. Conforme a ONG crescia, segundo Nogueira, apareciam grupos que imitavam as atividades e o logotipo dos palhaços. E a Doutores da Alegria não tinha controle sobre os imitadores. “Era mais fácil criticá-los do que ir falar com eles. Mas eu fui conhecer os grupos. E tentei ajudá-los a melhorar”, afirma. Assim, criou os palhaços em rede – são hoje 1.087 programas semelhantes em todo o país, que recebem auxílio da Doutores da Alegria para melhorar seus processos.
3. Celebre as conquistas
Nogueira conta a história de um menino que nunca havia saído da UTI. Os equipamentos de que ele precisava para viver o impediam de deixar aquele ambiente. A duas palhaças da Doutores da Alegria, ele contou um sonho: ver a Lua. Elas investigaram como poderiam remover o jovem do quarto por duas horas e organizaram um luau no pátio do hospital. Naquela noite, o menino pode ver o que era uma fogueira, acompanhar o trajeto de um avião e, por fim, ver a lua cheia. Conquistas como essas precisam ser festejadas. “A doença está lá, é aparente. Mas onde está aquilo que é bom? É preciso se conectar com essa potência.”
* A jornalista viajou a convite da ABF