O Brasil está um pouco melhor para os empreendedores do que no ano passado. Mas ainda há muito a melhorar. Essa é a conclusão do Global Entrepreneurship Index (GEI) 2016, um estudo para identificar as oportunidades e gargalos de cada país para o desenvolvimento do empreendedorismo. O estudo é de autoria da Rede Global de Empreendedorismo e do Instituo GEDI (“The Global Entrepreneurship and Development Institute”).
O Brasil está na 92º posição – estava na 100º em 2014. Foram analisados 132 países. Apenas na América Latina, o Brasil ganhou três posições, mas ainda está atrás de outros 15 países, como Chile (16º lugar), Colômbia (43º), Uruguai (47º) e Argentina (61º).
Veja os dez primeiros colocados:
Destaques e deficiências
O estudo definiu três blocos para análise: “Atitudes”, “Habilidades” e “Aspirações”. Dentro dessa base, 14 diferentes pilares foram estudados (veja todos na tabela abaixo). O Brasil se sai bem em “Atitudes”, ficando em 48º lugar. Isso mostra que empreendedores brasileiros têm perspectiva positiva sobre a possibilidade de empreender, o que vai de encontro com o fato de que o país obteve a nota máxima no quesito “percepção de oportunidades”.
O país, porém, fica em 122º lugar em “Aspirações”. Há pouca vontade de crescer e de inovar dentro do negócio – o quesito “inovação de produtos” é o segundo pior do país, perdendo apenas para “internacionalização”.
Falando sobre habilidades empreendedoras, o Brasil apresenta uma piora e ocupa o 99º lugar. Foram afetados os pilares de “capital humano” (terceiro pior quesito), que é a formação e capacidade do empreendedor e o treinamento de sua equipe; “competição”, que é o número de competidores e as barreiras de mercado; e “absorção de tecnologia”, que é o número de empresas de tecnologia e a capacidade do país de gerar tecnologia, até mesmo pela transferência de conhecimento.
Segundo o GEI, o Brasil deveria focar em aspectos como internacionalização, inovação de produto, capital humano e inovação em processos para fortalecer seu ecossistema empreendedor.
Veja a nota do Brasil nos 14 quesitos avaliados (do quesito mais bem avaliado para o pior):
Internacionalização
Durante a abertura da Semana Global do Empreendedorismo, na qual o ranking foi divulgado, o presidente do Sebrae Guilherme Afif deu sua análise sobre os resultados do GEI. Segundo ele, o esforço de internacionalização de pequenas e médias empresas no Brasil é quase nulo.
“Temos um grande mercado interno, que foi o que segurou o Brasil durante a crise de 2008. Assim, não há foco para o mercado externo, até porque o câmbio favorecia a importação. Isso mudou, mas o que não mudou foi a nossa cultura”, afirma Afif.
Segundo o presidente do Sebrae, já há uma base legislativa para que PMEs possam exportar, mas ainda é preciso firmar acordos bilaterais para fomentar essas negociações.
“Para alguém de Santa Catarina, seria muito mais fácil exportar para a Argentina ou para o Paraguai do que negociar com o Rio Grande do Norte. Por que esse empreendedor não faz isso? Porque é como se houvesse uma barreira – na verdade, um muro com eletrochoque. Esse é um ponto que temos de atacar fortemente.”