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A chamada é impactante e atrai o visitante do portal para a notícia. Ele lê o texto de cabo a rabo. Ao final, perfilados, dezenas, muitas vezes centenas de comentários são ignorados. Mas nem sempre por falta de tempo. Serão irrelevantes? Uma recente pesquisa conduzida pelo jornal The New York Times garante que não: 40% dos entrevistados afirmam que os comentários oferecem aos leitores da publicação uma “visão diferente”, e 36% acreditam que eles, os comentários, são “criteriosos” e “complementam” os artigos.

“Os grandes veículos jornalísticos, nos Estados Unidos e no mundo inteiro, deveriam passar a tratar os comentários dos leitores com o mesmo nível de respeito e relevância que eles tratam as suas próprias histórias”, sugere Bassey Etim, community editor do jornal. “Temos que tratar os comentários como conteúdo”, complementa ele. A pesquisa também revelou que apenas 5% dos entrevistados escrevem comentários sobre notícias e artigos do NYT com o objetivo de “se comunicar” com outros leitores do jornal.

Para o NYT, pode parecer fácil: o jornal mantém uma equipe dedicada 24 horas por dia para mediar os comentários de seus leitores. O fato é que, cada vez mais, cresce a participação “externa” nas Redações e, na mesma proporção, a relevância dos comentários dos leitores – e, é claro, a necessidade de um moderador nessa nova dinâmica do jornalismo. Você pode até não ler os comentários das notícias. O que não pode – daqui para frente – é ignorá-los.


Ricardo Largman, jornalista formado pela PUC-RJ em 1982, é crítico de cinema, consultor de Comunicação e assessor de Imprensa do Instituto IBMEC.