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Criar – e, muito pior, lembrar de – senhas alfanuméricas, com pelo menos uma letra em maiúscula, que não podem trazer números em sequência e datas de aniversário: missão cada vez menos possível para os simples mortais. Aliás, nem mesmo o agente Ethan Hunt, da franquia “Missão: Impossível”, consegue lembrar de senhas; ele é sempre o primeiro a fazer uso de dispositivos de leitura biométrica para burlar sistemas computadorizados de alta complexidade. E para quem tem boa memória, o vilão Biff, numa cena do filme “De volta para o futuro 2”, saía do táxi e pagava a corrida por meio de identificação digital. Isso, em 1982.

Estamos muito longe da ficção? Mais ou menos. Acima de tudo, é uma questão… de paciência. Explico: tanto o espectador, diante da tela, quanto o usuário-consumidor, no ato de compra, são incapazes de esperar mais do que alguns míseros segundos para que a máquina faça o reconhecimento dos dados. Estamos (mal) acostumados com a resposta quase instantânea, em que o computador consegue confirmar se os dados da tarja magnética ou do chip do cartão de crédito correspondem aos mantidos no banco de dados da administradora. Essa instantaneidade (ainda) não existe no “casamento” dos traços biométricos, sejam de impressões digitais, faciais, veias ou de retina.

Aí você pergunta: “Mas e o ‘Touch ID’ do iPhone e outros ‘destravadores’ digitais?”. Bem, eles usam a chamada identificação “1:1”, em que o aparelho reconhece somente uma e única impressão digital, a do proprietário. O sistema “1:N”, largamente utilizado pelos departamentos de polícia dos Estados Unidos, verifica, por exemplo, as impressões digitais de uma cena de crime e busca o “match” em um gigantesco banco de dados – o que costuma levar algumas horas. A não ser, é claro, em “Missão: Impossível”.

Como tudo em se tratando de tecnologia, há (muita) luz no fim do túnel. Amparada nos mais de US$ 2 bilhões investidos globalmente no mercado de biometria em 2015 e de olho nos quase US$ 15 bilhões em novos investimentos até 2024, a japonesa Liquid Inc. acaba de lançar, em vários países da Ásia, um sistema próprio de pagamentos que prescinde de senhas; ele faz uso de impressão digital baseado em “1:N” e em complexas técnicas de inteligência artificial. Especialistas, porém, garantem que não é realista imaginar um sistema de leitura biométrica com objetivos comerciais sem sacrificar a velocidade e a precisão dos dados. Seria bom eles reverem “De volta para o futuro”.


Ricardo Largman, jornalista formado pela PUC-RJ em 1982, é crítico de cinema, consultor de Comunicação e assessor de Imprensa do Instituto IBMEC.