Via Valor Econômico

 

Está em crescimento a captação de investimentos de empresas selecionadas para o Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (Seed), programa para o desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo e startups, criado pelo governo de Minas Gerais.

 

O volume de capital atraído passou de mais de R$ 6 milhões, por um conjunto de 16 companhias, na primeira rodada da iniciativa, em 2013, para um total de R$ 8 milhões, obtido por apenas seis empresas, na segunda etapa, encerrada em 2014.

 

Mais negócios estão em busca de investimentos de até R$ 1,2 milhão, para ampliar atividades e contratar pessoal. Há empreendimentos que oferecem orçamentos on-line para casamentos, proteção eletrônica de veículos e um serviço de assinatura mensal de esmaltes.

 

Alguns empresários já acreditam poder faturar R$ 20 milhões até o ano de 2020.

 

“O nosso objetivo é transformar Minas Gerais no maior polo de empreendedorismo da América Latina”, diz André Barrence, diretor presidente do escritório de Prioridades Estratégicas do Estado, durante a segunda edição do DemoDay Minas, que reúne startups e investidores para uma feira de produtos e apresentações de planos de negócios. Pelo menos dez fundos de investimentos, como Monashees Capital e Perfoma, foram ao evento. A feira recebeu estandes de 60 empresas de sete países – 22 delas nascidas no Estado de Minas Gerais.

 

O programa de empreendedorismo Seed foi criado em dezembro do ano passado e oferece às companhias selecionadas capital livre de participação de até R$ 80 mil, além de mentoria e escritório compartilhado. Um dos principais chamarizes da ação é não ser necessário ter um CNPJ para ganhar os benefícios – basta uma boa ideia, vontade de empreender e ser selecionado para a ação do governo.

 

A segunda rodada do programa, em 2014, recebeu 1.435 inscrições de 34 países e 21 Estados do Brasil, ante 1.367 inscrições na fase inaugural, no ano passado, de 32 países e 19 Estados. Quarenta startups são selecionadas a cada etapa e participam do processo de aceleração durante um período seis meses.

 

Segundo levantamento do Seed, mais de 60% dos interessados em participar da iniciativa estão em estágio de conceito ou construção de protótipos de produtos e serviços, e vêm de setores como TI, e-commerce e educação. Pelo menos 21 do total de startups já classificadas, depois do primeiro ano do programa, vão abrir empresas em Minas Gerais.

 

Durante a programação de um dia do DemoDay, dez empreendimentos foram convidados para apresentar planos de negócios e investimentos que gostariam de captar para a expansão das atividades. “Usamos critérios de escolha como grau de inovação dos produtos ofertados e oportunidades de mercado”, diz Barrence.

 

Criada em São Paulo, a Agrid, que entrega orçamentos instantâneos para casamentos, cresceu mais de 100% em seis meses. “Quarenta e cinco mil noivas já usaram nossas ferramentas”, diz o sócio Renan Carvalheira. O site criado em junho de 2013 entrega 500 orçamentos ao dia, reúne 415 fornecedores de serviços e faturou R$ 1,2 milhão no primeiro ano de operação. Cobra 7,5% de comissão dos contratos fechados, com um tíquete médio acima de R$ 10 mil. “O nosso foco são casais da classe C.”

 

O alvo da Netbee-Inteligência Veicular são motoristas de Belo Horizonte que querem proteger seus carros. A cidade registra, em média, 40 roubos de veículos ao dia. Fundada no ano passado, a empresa vende um equipamento com software baseado na “nuvem”, que localiza o automóvel furtado, desliga o motor a distância ou envia notificações sobre tentativas de arrombamento para o celular do cliente.

 

Segundo o sócio Gibram Raul, o grupo tem a patente do produto desde 2012 e mira um mercado de 5,1 milhões de carros que rodam em Minas Gerais. “No pré-lançamento do serviço, vendemos 42 unidades em três horas”, diz. O produto custa R$ 49 mensais, mais R$ 400 de adesão. A meta de Raul é faturar R$ 20 milhões em 2020.

 

Na argentina Ingresso Hoje, aberta no ano passado, um dos objetivos é começar a negociar entradas para eventos no mercado brasileiro. A empresa tem 30 mil clientes e 40 mil tíquetes entregues em 800 eventos realizados na Argentina, México e Chile. “O setor de convites on-line movimenta R$ 14 bilhões ao ano, em sete das principais cidades da América Latina, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro”, diz o CMO (Chief Marketing Officer) e co-fundador, Alejandro Güerri. Para fazer caixa, cobra 20% de comissão de cada ingresso vendido via aplicativo de celular. “A ideia é começar a operar em Belo Horizonte em 2015″. A companhia quer captar R$ 1,2 milhão com investidores para iniciar a expansão.

 

A paulista Descola, que oferece cursos livres on-line, prospecta um investimento de R$ 500 mil para garantir mais infraestrutura e contratar pessoal. A companhia, com três anos de atividade, oferece videoaulas e grupos de discussão sobre temas como negócios e tecnologia. Já laçou clientes corporativos como Itaú e Discovery Channel, segundo o sócio André Tanesi, que prevê opções de saída dos investimentos na empresa por meio da venda do negócio para grandes grupos educacionais. “Crescemos mais de 35% no volume de alunos, em seis meses”, diz.

 

De olho no público feminino, a Esmalteria Club, de assinatura mensal de esmaltes, pretende lançar uma linha própria no próximo ano. “A usuária paga R$ 34,90 ao mês para receber uma caixa com produtos de cuidados para mãos e pés”, explica o sócio Guto Barros. A empresa conquistou 500 assinantes em 24 Estados e 15% da base de clientes são profissionais do setor de beleza.

 

“Queremos ter a cultura de startups como referência para o modelo de empreendedorismo praticado em Minas”, afirma Fábio Veras, diretor de operações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais. Este ano, o Sebrae-MG deve investir mais de R$ 36 milhões no incentivo à inovação entre companhias de porte reduzido, no Estado. Até dezembro, 23,8 mil negócios terão recebido consultorias subsidiadas para desenvolver produtos e serviços inovadores, com a ajuda do programa Sebraetec. Em 2010, o investimento na iniciativa foi 18 vezes menor, de R$ 2 milhões.